quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Poema "O pai que não tive"


O Pai que não tive

Onde estás meu pai?
onde estás que não te vejo, que não te sinto,
onde está o teu colo que tanto procurei em criança,
onde está o calor do teu abraço, que não encontrei nas noites frias,
onde estava tua voz que tanto desejei que falasse comigo,
que me confortasse, que me guiasse, e que apenas me chamasse de filho.

Onde estás meu pai?
onde está o meu pai que vejo em sonhos,
que me afaga o cabelo e me limpa as lágrimas,
que é meu amigo, meu irmão, e eu mesmo.

Onde estás meu pai?
que a vida de mim separou,
porque não tive teu carinho?
porque não pude ser teu menino?

Onde estás meu pai?
que ainda hoje te procuro,
e ainda imagino um passado,
caminhando contigo a teu lado.

No meio da tempestade,
no seio da escuridão,
busco a chama da verdade,
e apenas desejo conhecer teu olhar,

talvez não te encontre jamais,
talvez não nesta vida,
mas tu existes pois sou parte de ti,
e chegará a hora e o dia de te encontrar.

Almada, 12 de Setembro de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Poema "Lisboa"




Lisboa



Lisboa,
navego ao teu largo e te vejo da proa,
deslizo nas águas que foram teu berço,
outrora guardadas por teus canhões,


Lisboa,
famosa que eras nos tempos da coroa,
foste a mais bela e tão cobiçada,
que a morte batia nos teus portões,


Lisboa,
teu tão grande passado, pela história ecoa,
conquistas e feitos jamais apagados,
lembrados que são pela mão de camões.


Almada, 30 de Maio de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Poema "Nunca caminhas sózinho"


Nunca caminhas sózinho


Faça sol ou faça chuva,
seja primavera ou inverno,
estejas em terra ou no mar,
nunca caminhas sózinho,


pois eu estou contigo,
embora não me conheças,
nem sequer saibas quem sou,
sou amigo muito antigo,
do passado e do futuro,
e onde estarás eu estou,


na tristeza e na alegria,
caiam lágrimas ou sorrias,
nos caminhos mais sombrios,
nunca caminhas sózinho,


estarei para sempre ao teu lado,
vivas pela espada ou contra ela,
tenhas tudo ou tenhas nada,
para mim será apenas um fado,
pintado com aquarela,
e cantado por uma fada,


na morte e no renascer,
na tempestade mais negra,
no barco que anda no mar,
nunca caminhas sózinho.


Almada, 1 de Abril de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

quinta-feira, 19 de março de 2009

Poema "Quando eu partir"


Quando eu partir


Quando eu partir,
não quero ouvir chorar,
não quero ver luto,
pois terá acabado o meu sofrimento,
e quando as portas do céu se abrirem,
entrarei ouvindo as trompetas dos anjos.




Quando eu partir,
não quero ver tristeza,
não quero ir para terra,
prefiro ser transformado em cinza,
ser entregue no mais belo mar,
e voltarei a ver minha mãe Iemanjá.




Quando eu partir,
não quero ver saudade,
não quero ver solidão,
pois na simples distancia de um pensamento,
estarei sempre com quem amo,
e dentro do coração de quem gosta de mim.




Almada, 15 de Março de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

sexta-feira, 13 de março de 2009

Poema "Choro"


Choro

Choro,
tudo o que tinha perdi,
vivi enfim, em vão...
da vida já desisti.

Choro,
quando vejo uma andorinha,
pairando sobre a bruma do mar,
ela é feliz no seu mundo,
sensação nunca minha,
que não aprendi a voar,
e acabei bem no fundo.

Choro,
ao ver o quadro do tempo,
apagar a memória que me resta,
e encher meu rosto de traços,
resta-me o pensamento,
e ilusões iguais a esta,
fazem-me os olhos baços.

Choro,
com as forças que tenho,
lágrimas de tristeza,
que caem na terra cruel,
formando em si um desenho,
do teu rosto em beleza,
com tons da cor do mel.

Choro,
ao perder a minha voz,
que tanto te chamou,
e que nunca deste atenção,
sempre que estivemos sós,
enfim, se cansou...
saberás quem te amou?
e quem por ti chorou?
não interessa agora,
porque o tempo acaba em pranto,
e chegada a hora, por ti eu canto.

Choro,
por ti e por mim,
que não fomos felizes,
tu o quiseste assim.

Choro,
porque vou partir,
sem nunca ver,
tua boca para mim sorrir.

Choro com mágoa,
choro com dor,
lágrimas de água,
cheias de amor.

E subindo por um laço,
um cavalo alado eu monto,
para ti fica um abraço,
quem sabe um dia eu volto.

Almada, 23 de Março de 1993 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

quarta-feira, 11 de março de 2009

Poema "Vida injusta"


Vida injusta

Tu que sofreste,
tu que já viste o pior da vida,
e conheces-te o seu lado ruim.
Tu que já viste a morte,
e sem saber novamente nasceste.
Tu que já nada te importa,
e em nada acreditas.
Tu que á fé fechaste a porta,
e da vida abdicas.
Não te sintas injustiçado,
nem por Deus esquecido,
pois carregas um fardo,
que embora o cantes sofrido,
não deixa nunca de ser sagrado.

Lisboa, 3 de Janeiro de 2009 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "O meu lugar"


O meu lugar

O lugar mais lindo do mundo,
fica mesmo junto do mar,
onde sussurram as ondas,
e as sereias se põem a cantar,

mãe Iemanjá me criou,
e me deu uma estrela do mar,
para guardar meu caminho,
e um dia voltar ao meu lar.

Almada, 10 de Março de 2009 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Liberdade"


Liberdade

Que bom é ser livre e poder exprimir o que me vai na alma,
ser o que sou e o que posso ser, pela simples razão de o ser,

ser a caneta de um poeta, e escrever sem medir as palavras,
ser as asas de um condor, e percorrer o mundo sem fronteiras,

ser o sol que se levanta,
ser as estrelas e a lua,
ser a guitarra de um cigano,
e encanto de mulher nua,

ser a água que bate nas rochas, e espalha sua brisa no ar,
ser um relógio de areia, sem ter inicio nem fim,

ser a canção de uma criança,
ser a mais bela melodia,
ser filho da liberdade,
ser tudo aquilo que queria.

Lisboa, 7 de Março de 2009 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Desejo escondido"


Desejo escondido

Voa passarinho,
voa até ao céu,
leva meus desejos contigo,
e desenha nas nuvens,
o simbolo da esperança.
Pede que chova sobre mim,
e que as gotas de água fria,
se misturem com as minhas lágrimas.
Pede ao vento que me carregue,
e que sopre em mim uma brisa de amor.
Pede ao sol que me aqueça,
e seus raios me abracem,
como um pai abraça o filho.
Pede á lua que me deixe dormir no seu leito,
e que me ofereça os sonhos mais belos.
E por fim passarinho,
pede á estrela guia que ilumine meu caminho,
e seja minha luz na escuridão.

Almada, 21 de Fevereiro de 2009 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Quem somos"


Quem somos

Somos pó, nada mais...
dele nascemos e a ele voltamos,
não há como nem porquê,
só quem não quer não o vê,
nascemos nus, e nus morremos.
O que trazemos?
nada.
O que levamos?
nada, apenas o que aprendemos.
Porque o homem guerreia e mata?
Pelo poder, pelo ouro, pelo desejo de ter?
Mas esse poder gera ciúme, gera inveja, gera ódio,
e a luta continua...
Será esse o verdadeiro poder?
Ou será antes mais sábio e poderoso,
aquele que detém o conhecimento,
aquele que ama a tudo e todos de uma forma igual,
que sabe dar sem nada pedir,
que sabe amar o seu próprio inimigo,
que é feliz consigo próprio,
que faz de uma casa de palha o seu maior castelo?
É dificil pensar assim?
É dificil viver assim?
Não, para quem tem pureza de coração.
Sim, para quem a ganância é a sua paixão.
Façamos o nosso caminho,
pisemos rosas ou espinhos,
cada um colhe o que semeia.
Mas ninguém duvide jamais,
que a vida é mistério e certa é a morte.
E afinal o que somos?
Apenas pó, nada mais.

Almada, 20 de Dezembro de 2008 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Irmão querido"


Irmão querido

Mano,
és o meu companheiro no barco da vida,
és o sal e eu a água,
és o sol e eu a lua,
és a metade que eu não sou,

Mano,
és o leme quando estou á deriva,
és o sorriso na minha mágoa,
és o guardião da minha rua,
és a presença quando não estou.

Mano,
tenho saudades de quando brincávamos,
eras o indio e eu o cowboy,
eu era o bom e tu o vilão,
eras metade da minha alegria,

Mano,
tenho saudades de quando sonhavámos,
queriamos ser um super-herói,
queriamos ter o mundo na mão,
queriamos viver nossa fantasia.

Mano,
hoje só me importa que estejas bem,
que sejas feliz em teu caminho,
e seja qual for aquele que seguires,
só quero que tenhas a maior sorte,

Mano,
gosto de ti como ninguèm,
tens meu amor e tens meu carinho,
tens tudo de mim sem nunca pedir,
és meu irmão,na vida e na morte.

Poema dedicado e escrito para o meu unico irmão

Almada, 27 de agosto de 2008 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Nas profundezas"


Nas profundezas

Nas profundezas do meu coração,
sinto-me amargurado,
por não te poder dar a mão,
e ter-te sempre a meu lado.

Nas profundezas do meu ser,
sinto-me entristecido,
por não te poder ver,
e não me sentir teu querido.

Nas profundezas da minha alma,
há algo que me faz querer,
viver uma vida calma,
e nunca a ti te perder.

Nas profundezas do meu olhar,
há uma luz lá no fundo,
que não pára de brilhar,
e pode mudar o mundo.

Nas profundezas da minha voz,
oiço um eco intermitente,
deseja que estejamos a sós,
e o tempo pare eternamente.

Das profundezas do universo,
vem uma brisa quente,
destroi tudo o que for perverso,
e quer que vivamos para sempre.
.
Almada, 10 de Junho de 1990 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Inferno"


Inferno

Fogo mais quente que arde,
na fogueira da pura maldade,
alimentado por estranha lenha,
de antagonismo á verdade,
do vil metal á traição,
da lei corrompida á injustiça,
do disparo de uma bala perdida,
do invejoso ao ladrão,
daquele que faz ao que atiça,
tudo se une numa liga,
que arde na escuridão,
no altar da mais negra missa,
que atesta de sangue e derrama,
o santo graal da perdição.

Almada, 2 de Fevereiro de 2009 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema (canção) "Vem amor"


Vem amor
Se tu queres saber como passo as noites,
se tu queres saber os sonhos que sonhei,
se tu queres saber se sinto a tua falta,
volta e traz a chave que eu te dei.

Se tu queres saber como passo os dias,
se tu queres saber o quanto eu chorei,
se tu queres saber se sinto a tua falta,
volta e traz a chave que eu te dei.

Vem amor,
volta novamente para mim,
ninguém ocupou o teu lugar,
ficaria assim até ao fim.

Vem amor,
volta novamente para o teu lar,
deixa o coração bater assim,
deixa novamente eu te amar.

Lisboa, 23 de Agosto de 2008 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema (canção) "Paixão cigana"

Paixão cigana
Onde estás amor?
onde estás agora?
onde estão teus olhos,
que já não os vejo?


Porque foste embora?
Porque me deixas-te?
Onde está tua boca,
que já não a beijo?


Ai, ai, ai, o vento me sussurra,
ai, ai, ai, me diz que já não vens,
ai, ai, ai, se queres o meu perdão tu já o tens.


Ai ,ai, ai, só peço não me culpes,
ai, ai, ai, eu fiz tudo por ti,
ai, ai, ai, não foi por eu querer que te perdi.


Dentro do meu peito,
só mora a saudade,
do teu coração,
coração cigano.


Porque me traiste?
Porque me feriste?
Se eras só tu,
a mulher que amo?


Ai, ai, ai, o vento me sussurra,
ai, ai, ai, me diz que já não vens,
ai, ai, ai, se queres o meu perdão tu já o tens.


Ai ,ai, ai, só peço não me culpes,
ai, ai, ai, eu fiz tudo por ti,
ai, ai, ai, não foi por eu querer que te perdi.

Lisboa, 12 de Agosto de 2008 © Paulo Lourenço “Ramiro de Kali”

Poema "Amor perdido"


Amor perdido



A noite cai lentamente,
a escuridão sufoca-me,
tenho frio.
Em ti ponho minha mente,
toca-me.
Das lágrimas cresce um rio.
Quero-te junto de mim.
É a profunda verdade,
que me destroi o coração,
que faz arder a alma,
e me faz pedir perdão,
por te ter deixado ir,
e não ter tido calma,
nem sequer para reflectir.
Onde estás agora?
Quero teu calor,
tenho sede do teu carinho.
Penso em ti toda a hora,
e só agora conheci a dor,
e o medo de estar sozinho.
Tenho esperanças,não desisto,
quero conquistar novamente,
as asas do teu coração.
Ajuda-me Cristo.
Quero amá-la para sempre,
quero sair da escuridão.
Não importa onde e quando,
hei-de te encontrar,
flores da alma te mando,
nelas hás de voltar.


Almada, 23 de Março de 1993 Paulo lourenço “Ramiro de kali”

terça-feira, 10 de março de 2009

Poema "Coroa de Preto-velho"


Coroa de Preto-Velho


A fumaça que sai do meu cachimbo,
forma nuvens quando encontra o céu,
e das lágrimas que me caem do rosto,
nascem rios que correm sem gosto,
formando na terra o mais belo ilhéu.


Sou preto, sou velho, fui escravo,
fui por Deus coroado.


Hoje espalho no mundo mensagens de fé,
trazendo esperança com minha humildade,
deixando sementes de caridade,
secando a mentira e regando a verdade.
Trago comigo arruda e guiné,
caminho descalço em cima de espinho,
quebro mironga e curo doença,
habito cabana ao pé de cruzeiro,
trabalho aqui e no mundo inteiro.


Sou preto, sou velho, fui escravo,
venho por Deus ordenado.


Almada, 31 de Janeiro de 2009 © Paulo lourenço “Ramiro de kali”

Poema "Circulo de fogo"



Circulo de fogo


Sete espadas cravadas na areia formando um circulo,
sete velas intercaladas iluminam a noite,
no meio estou eu,
sentado no chão virado para o mar,
estou em paz, estou no meu escudo,
o circulo de fogo...

Erguei-vos Salamandras,
fazei vossas chamas chegarem ao céu,
formai a cortina de fogo como se fosse um véu.
Demónios para trás, vai-te Belzebu!
Quem pensas que és tu?
Aqui nada podes, aqui nada vales, aqui mando eu.
Sete espadas te prendam,
e para sempre serás, no mar sepultado.
Que o fogo sagrado te envolva,
pois será nele que serás julgado.

Estou em paz, e continuo sentado,
estou no meu escudo,
o circulo de fogo.


Almada, 29 de Janeiro de 2009 © Paulo Lourenço "Ramiro de Kali

Poema "Caboclo guerreiro"


Caboclo guerreiro


O meu rosto foi pintado com terra,
estou em guerra...
A morte não me assusta,
e o prelúdio de sua chegada,
só me dá mais força para lutar,
guerrear pela minha gente,
pela minha prole, e pelo que acho justo.
A liberdade acima de tudo,
pois um falcão sem asas não voa,
e a pantera sem garras não caça.
A bandeira do meu povo é da cor do céu,
e mesmo manchada de sangue,
continua hasteada ao sabor do vento.
O grande espirito falou,
fumou o cachimbo da paz,
e pediu que enterrasse o machado.
Hoje minha flecha é só para caçar,
o tambor só toca em dia de festa,
e na mata escura já não oiço bradar.
Mas nasci guerreiro e sempre serei,
caço na mata e vivo na serra,
descanso em paz, mas vivo na guerra.

Almada, 28 de Janeiro de 2009 © Paulo lourenço "Ramiro de Kali"

Poema "Amor de filho"


Amor de filho


Filho,
do maior amor do mundo foste gerado,
da semente mais pura,
te tornas-te a mais bela flor,
és a mais bela criança,
que Deus me poderia dar,
és o filho mais querido,
que um dia terei desejado.


Filho,
de todo o carinho que me tens dado,
de tantos beijinhos e tanta doçura,
de tantos abraços e tanto calor,
fizeste de mim o pai mais feliz,
deste-me algo porque lutar,
á minha vida deste sentido,
e ensinaste-me a ver que tem outro lado.


Filho,
adoro-te com todas as minhas forças,
meu amor por ti vai além da vida,
pois sem ti não teria sentido,
e seria apenas uma noite perdida.


Filho,
junto de ti estou no paraiso,
és o meu anjo a quem dou a mão,
tens de mim tudo o que for preciso,
tens minha vida e meu coração.


Almada, 10 de Fevereiro de 2009 © Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"

Poema "Promessa de amor"


Promessa de amor


Quando a lua cai e abraça o céu,
que sublime momento de amor profundo.
Quem dera um dia seres a lua e eu o céu,
felicidade maior não havia no mundo.


Amor que baste eu quero,
para te amar meu amor,
fazer-te feliz eu vou,
seja na alegria ou na dor.


Pudesse eu um dia te amar,
com toda a grandeza do meu ser,
felicidade tamanha que sonhava sonhar,
e amor maior não poderia ter.


Quem dera o tempo parasse,
e á hora em ponto estivesses,
nos meus braços a embalar-te,
para sempre se o quisesses.


Funchal - Ilha da Madeira, 1 de Agosto de 2001 © Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"

Escrito e dedicado á minha esposa Fátima.

Poema "O mundo dos Orixás"

O mundo dos Orixás


Cada dia novo que amanhece,
traz a luz de pai Oxalá,
que ilumina as terras do mundo inteiro,
e embeleza o mar de mãe Iemanjá.
---
Sopram os ventos de mãe Iansã,
que abraçam Xangô em sua pedreira.
Correm os rios de mãe Oxum,
e as crianças brincam á sua maneira.
---
As matas de Oxossi ficam mais belas,
e novos caminhos Ogum nos oferece.
Na sua calunga Obaluaiê,
acolhe ou dá cura a quem merece.
---
Exu se ri na encruzilhada,
e firma seu ponto com seu punhal,
e o aroma das rosas de Pombagira,
ensina a diferença do bem e do mal.
---
Zambi segura o mundo nas mãos,
e fá-lo girar mais uma vez,
derramando nele seu amor divino,
e em toda a criação que um dia ele fez.
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Lisboa, 25 de Julho de 2008

Extrato da obra - Orixás em Poesia de Paulo Lourenço "Ramiro de Kali" Copyright © 2008

Poema "Ogum beira mar"

Ogum beira mar

Vem vindo ao longe um cavalo branco,
correndo na areia bem junto do mar.
Cavalgando em cima,vem um belo guerreiro.
Salve meu pai! É Ogum beira-mar.
---
Vem me dar força,vem me dar fé,
e com sua espada me dá protecção.
Mãe Iemanjá sua estrela me guie,
e pai Oxalá me dê sua mão.
---
Levai-me consigo em seu cavalo,
Ogum beira-mar,meu pai valente.
A si meu pai entrego meu fado,
na minha vida estais sempre presente.
---
Protege seu filho meu pai amado,
me mostre sempre o melhor caminho.
Em troca eu ajudo seus filhos perdidos,
pois sei que consigo não estou sózinho.
---
Salve Ogum beira-mar!
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Obs:
Poema dedicado e escrito para Pai Pedro de Ogum pela data comemorativa de seu aniversário em 14 de Novembro de 2007

Extrato da obra - Orixás em Poesia de Paulo Lourenço "Ramiro de Kali" Copyright © 2008

Poema "Mar"


Mar


Ó mar que tantos mistérios guardas,
o palco da vida tu és,
e anuncio da morte tu mostras,


quantas lágrimas em ti derramadas,
quantas histórias de ti narradas,
são feridas de sangue nas tuas costas.


Do mais valente ao mais fraco,
sempre foste o mais cobiçado,
e no fundo o mais mal amado,


mas é essa a tua grandeza,
pintada nas cortes da realeza,
aquele que jamais foi domado.


Almada, 24 de Janeiro de 2009 © Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"

Poema "Coração cigano"


Coração cigano


Oh, coração valente,
oh, coração leviano,
oh, coração ardente,
és coração cigano.


Tua vida nunca é certa,
teu destino desconheces,
não és teu, nem és de ninguém.
Teu caminho, uma porta aberta,
és amado, mas não mereces,
vives só, mas tens sempre alguém.


Oh, coração sem alma,
oh, coração malandro,
oh, coração sem calma,
és coração cigano.


Pelo amor vives, pelo amor morres,
teus olhos negros, são quentes,
são frios, mostras alegria,
mas no fundo estás triste.
No quadro do tempo, teu rosto,
marcado por rugas, são rios,
cheios de amores que só tu viste.


Oh, coração em chamas,
oh, coração ladrão,
oh, coração que amas,
és coração cigano.


Coração cigano, tu nunca és feliz,
e quem te ama, sofre o mesmo destino.
Tu nasceste para amar, não para ser amado,
da chama cigana tu és de raiz,
viver sem passado, é o teu castigo,
não saber quem amas, é o teu fado.

Lisboa, 8 de agosto de 2004 © Paulo Lourenço "Ramiro de kali"
...
Este poema foi escrito e dedicado ao meu grande amigo Nelson Antunes.
"CORAÇÂO CIGANO" porque o meu amigo tem origens ciganas, apesar de não seguir a cultura cigana. O poema, é realmente a maneira como eu o vejo e retrato a sua vida.